segunda-feira, 20 de abril de 2009

Planejamento Educacional: Uma abordagem racional e científica dos problemas*

Talvez seja melhor começar por dizer o que não é o planejamento educacional. Não é uma panacéia miraculosa para os sistemas de ensino que sofrem de males diversos; não é uma fórmula que se possa aplicar a todas as situações, sem levar em conta as suas particularidades. Não é, também, uma conspiração para suprir as liberdades e prerrogativas dos professores, administradores e estudantes, nem um meio de permitir a um pequeno grupo de tecnocratas usurpar o poder de uma sociedade para escolher e decidir a respeito dos objetivos, das orientações e das prioridades para a educação. Não é, tampouco, um exercício gratuito em que se negligenciem, ao mesmo tempo, as características fundamentais da educação e o seu fim último: o homem e uma vida humana plenamente realizada.O planejamento educacional é, antes de tudo, aplicar à própria educação aquilo que os verdadeiros educadores se esforçam por inculcar a seus alunos: uma abordagem racional e científica dos problemas. Tal abordagem supõe a determinação dos objetivos e dos recursos disponíveis, a análise das conseqüências que advirão das diversas atuações possíveis, a escolha entre essas possibilidades, a determinação de metas específicas a atingir em prazos bem definidos e, finalmente, o desenvolvimento dos meios mais eficazes para implantar a política escolhida. Assim concebido, o planejamento educacional significa bem mais que a elaboração de um projeto: é um processo contínuo, que engloba uma série de operações interdependentes.Definição mais precisa dos objetivos da educação. Um sistema de ensino, cujos objetivos são imprecisos, é como um barco que navega sem destino: não podendo fixar sua rota, acaba geralmente por se locomover em círculos. Refletindo o conceito que a sociedade faz do próprio futuro, os objetivos educacionais de um país devem, evidentemente, ser fixados pelo conjunto desta sociedade e pelos dirigentes que ela escolheu. Devem exprimir fielmente os valores fundamentais da sociedade – valores morais, culturais e estéticos – e considerar os diversos papéis que o indivíduo pode ser chamado a desempenhar enquanto cidadão, trabalhador ou membro de uma família. Os responsáveis pelo planejamento educacional podem ser úteis, insistindo sobre o fato de que estes objetivos devem ser suficientemente precisos a fim de permitirem a determinação de medidas apropriadas. Podem também insistir com proveito para que os diversos objetivos formem um todo coerente e obedeçam a uma ordem de prioridade, já que é impossível atender a todos rápida e simultaneamente. Devem, finalmente, assegurar-se de que a definição dos objetivos e a fixação de uma ordem de prioridade sejam consideradas tarefas permanentes e se tornem objeto de revisões periódicas.
Planejamento
As idéias de planejamento são discutidas amplamente em nossos dias. Numa resenha bibliográfica em torno do assunto, encontramos algumas posições diferentes entre os autores. No entanto, em dois aspectos há acordo unânime, isto é, consideram planejamento a previsão metódica de uma ação a ser desencadeada e a racionalização dos meios para atingir os fins.Planejamento, na sua acepção mais ampla, sempre abrange uma gama de idéias. Por si só não constitui a fórmula mágica que soluciona ou muda a problemática a ser resolvida. Exige uma busca cada vez maior de estudos científicos que favoreçam o estabelecimento de diretrizes realistas. Nunca devemos pensar num planejamento pronto, imutável e definitivo. Devemos antes acreditar que ele representa uma primeira aproximação de medidas adequadas a uma determinada realidade, tornando-se, através de sucessivos replanejamentos, cada vez mais apropriado para enfrentar a problemática desta realidade. Estas medidas favorecem a passagem gradativa de uma situação existente para uma situação desejada.Nessa perspectiva, vemos que planejamento é:um processo que consiste em preparar um conjunto de decisões tendo em vista agir, posteriormente, para atingir determinados objetivos ; euma tomada de decisões dentre possíveis alternativas, visando atingir os resultados previstos de forma mais eficiente e econômica .O planejamento requer que se pense no futuro. É composto de várias etapas interdependentes, as quais, através de seu conjunto, possibilitam à pessoa ou grupo de pessoas atingir os objetivos.É a base para a ação sistemática. É utilizado na área econômica, social, política, cultural e educacional, permitindo o maior progresso possível, dentro da margem de operação definida pelos condicionamentos do meio.
Planejamento Educacional
A educação é hoje concebida como fator de mudança, renovação e progresso. Por tais circunstâncias o planejamento se impõe, neste setor, como recurso de organização. É o fundamento de toda ação educacional.A educação, por ser considerada um investimento indispensável à globalidade desenvolvimentista, passou, nos últimos decênios de nosso século, a merecer maior atenção das autoridades, legisladores e educadores.Amparados em legislação pertinente, foram desencadeados processos de aceleração, principalmente no que diz respeito à expansão e melhoria da rede escolar e preparação de recursos humanos.O planejamento educacional põe em relevo esta área, integrando-a, ao mesmo tempo, no progresso global do país.Nessa ampla perspectiva constatamos que planejamento educacional é:processo contínuo que se preocupa com o “para onde ir” e “quais a maneiras adequadas para chegar lá”, tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades do desenvolvimento da sociedade, quanto as do indivíduo ; eprocesso de abordagem racional e científica dos problemas da educação, incluindo definição de prioridades e levando em conta a relação entre os diversos níveis do contexto educacional.
Nelson Valente
O autor é professor universitário, jornalista e escritor
in http://reader.feedshow.com/

Nenhum comentário: