quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Subjetivo Encontro

Por José Cícero
Vida: Subjetivo encontro que mantenho todos os dias com as forças cósmicas do universo inteiro e com o meu Eu profundo. No mais recôndito do meu ser – pensamento cotidiano que construo paulatinamente como vôo de pássaro altaneiro, solitário a montar seu ninho com gravetos e entre os espinhos.
Vivo assim resignado com o meu destino em carne e osso, tal qual escravo sofrendo os açoites dos seus próprios sentimentos íntimos.
Sou assim: Náufrago absorto submerso em oceanos de contentamentos e desassossegos.
Navio pirata e transatlânticos singrando os espelhos d’água feitos rastros
deixados pelas caravelas de aborígenes loucos tentando descobrindo o novo mundo.
Mares imensos. Consciência que preservo entre sonhos.
Essência vital a quem me entrego sem escrúpulo e medo. Orbe que me mantêm guardado a sete chaves. Juiz insolente e venal em que ancorou a nau catarineta de todos os meus segredos incontidos.
Terra firme em que vivo e piso dando sustentáculo a humana raça dos instintos.
Positivismo ingrato. Iluminismo instantâneo no qual me eternizo todo por completo.
Absolutismo escroto no qual todos os gestos dos covardes e dos injustos se aglutinam a todo instante.
Baco-festim. Bacanal dos insensatos deuses do Olimpo.
Vão momento em que me abstraio e me fragmento ao máximo em fractais imensos.
Puro sentimento cosmogônico em seus mistérios. Desdobramentos suprafíscos.
Ilações incompreensíveis dos seres microscópicos em seus derivativos mais insanos.
Vida: Viagem perpétua que faço espiritualmente.
Astral alumbramento de quem vive o supra-sumo de todos os acontecimentos mais sublimes.
Superlativos fenômenos de todos os seres universais, extraterrenos, redivivos.
Pluralismo inconteste e absoluto que me persegue e que me mantêm guardado dentro do tempo.
Remotos e atemporais esquecimentos: baús de ossos que conservo como um tesouro raro
no âmbar dos meus anos findos.
Infinitude de nós mesmos, seres incompletos e inconclusos perdidos como sementes de anjos decaídos dispersas nos umbrais do cosmo.
Eterno instante. Lusco-fusco das honras minguadas que vivo em seus desperdícios.
Claro-escuro dos olhos de lince e outros pensamentos
jogados no lixo das nossas consciências
e tudo o mais que me angustio e sofro
para o todo e sempre.
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* José Cícero
Secretário de Cultura/Aurora-CE.
In Abstrações do Acaso/09
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