quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ecologia Caririense... Por José Cícero

Uma consideração à guisa de artigo, como Alerta sobre o princípio de invasão biológica e ataque de Lacedinhas às espécies que compõem a monoarborização da cidade de Aurora e outras localidades da região.
Bioinvasão! O termo de tão estranho e inusitado mais parece um palavrão. Mais um dos tantos neologismos que a cada dia parecem povoar todo o universo vocabular pós-moderno. Mas, seguramente esta é a melhor das terminologias já inventadas no sentido de plasmar com todas as letras o que de fato está a ocorrer em algumas das cidades que optaram pela monoarborização. E de quebra pela utilização de espécies “alienígenas”, exóticas, estranhas ao bioma nordestino. Uma verdadeira invasão biológica a se espalhar pelo país inteiro como uma praga, no mais das vezes, patrocinada pelo dinheiro público. Trata-se de uma prática altamente danosa ao meio ambiente e por consequência, à sustentabilidade de espécies nativas e do próprio bioma sertanejo. Além de utilizarem espécies invasoras como o Ficus e o Nim indiano, ambos originários do continente Asiático, alguns municípios fazendo uso de recursos públicos continuam com esta prática extremamente contrária ao bom e necessário equilíbrio biológico do Cariri.
São plantas com um poder de propagação extremamente rápida, assim como de adaptabilidade, tanto ao clima quanto ao solo das mais diferentes regiões do Brasil, em especial do Nordeste. Esta alta adaptação, somada ao um curtíssimo ciclo de crescimento tem levado a população a preferir tais espécimens em desfavor de outras próprias do habitat regional. Muitos dos quais já em estágio elevado de destruição e/ou correndo sérios riscos de extinção. Tudo isso, sob os beneplácitos do poder público. Espécies tradicionais e edêmicas do sertão como a velha Algaroba, Juazeiro, Sabiá, Oiti, Castanhola, Ipê, Jatobar, Aroeira, Camaru, Violeta, Pau d’arco, entre outras consideradas nativas da caatinga sertenejas já começam a desaparecer do nosso dia a dia, esquecidas que estão pela geração atual.
Sem dá a devida atenção para o perigo que representa a propagação de espécies estanhas; hoje diversas cidades que optaram pelas plantas exóticas já estão começando a colher os primeiros frutos, ou seja, os primeiros sinais do equívoco ecológico que empreenderam contra si mesmos. Daqui a pouco começarão a pagar um alto preço por esta opção desastrosa de priorizar plantas estranhas em detrimento daquelas comuns às nossas matas. A arborização empreeendida por uma única espécie e ainda por cima, exótica, representa uma prática absurda e totalmente contrária à natureza. A ordem natural através da qual a mãe natureza sempre renova e se recompõe. Assim, podemos afirmar sem medo de errar que toda e qualquer forma de monocultura é uma agressão das mais perigosas à biodiversidade, principalmente porque seus resultados se voltarão contra todos nós. A biodiversidade planetária não suportará mais esta intervenção antrópica e irracional.

Malefícios gerados pela utilização de espécies exóticas:

Dentre os malefícios ocasionados por está prática verde equivocada podemos citar: o próprio desequilíbrio dos ecossitemas naturais, a partir da quebra dos antigos habitats naturais de diversas espécies animais que dependem exclusivamente destes vegetais para viverem e se reproduzirem. A monoarborização favorece a invasão e, portanto, a prevalência de uma espécie única e sem concorrência natural sobre as demais. De modo que, compromete sensivelmente os ecossistemas regionais, bem como as cadeias alimentares de insetos polinizadores, aves entre outros animais, gerando desequilíbrios… Compromete a polinização por pássaros e por sua vez coloca em risco a perpetuação natural de fauna e flora, o que termina por comprometer num futuro próximo a própria sobrevivência das pessoas. A não variabilidade da flora destrói significativamente parte importante da nossa fauna, o que por sua vez, favorece a propagação de pragas e verdadeiras epidemias de doenças provocadas por fungos, protozários e outros agente patogênicos miscrocópicos que atacam vegetais, animais assim como o próprio homem. O processo de evapotranspiração também ficará prejudicado o que ajuda a diminuir a umidade relativa do ar e, por via de consequência, contribui para a elevação da temperatura. Os chamados microclimas formados pelos aglomerados de plantas diversas também será afetado.

A infestação do Lacerdinha à arborização aurorense:

Aqui mesmo em Aurora, por conta da presença exagerada de espécies estranhas,(plantadas pela Prefeitura na gestão passada) tais como: o Nim Indiano e o ficus da Bolívia, já é possível observar alguns problemas importantes. A começar pela ausência de animais e aves se abrigando nestas árvores. O crescimento descontrolado de tais vegetais, visto que não possuem predadores naturais à guisa de concorrência, estas plantas começam a povoar todos os ambientes urbanos da maioria das cidades interioranas. Agravado pela ausência de barreiras naturais os Ficus que pululam a cidade de Aurora por exemplo já começam a evidenciar os primeiros sintomas de um ataque mortal. Provocado por uma praga das mais difíceis de combater. Trata-se de uma verdadeira epidemia de Lacerdinha que se abateu por mais de 90% das árvores que se espalham pelas ruas da cidade.

A plantas atacadas começam a amarelar perdendo suas principais característica, que é o verde escuro das folhagens e o crescimento rápido. A cúpula de tais plantas começam a apresentar agora um visual meio que amarelado(quando não seco) como muitas folhas erolando para dentro, se transformando num espaço ideal para que o inseto Lacerdinha possa colocar seus ovos se multiplicando numa velocidade estonteante. Parasitando a seiva elaborada das plantas os lacerdinhas conseguem se reproduzir rapidamente em dezenas e dezebas de milhares, fazendo assim uma ataque sintemático e em cadeia. Alimentado-se portanto da seiva orgãnica da plantas hospedeiras estes insetos também exótico, acabam complemedento a saúde natural de espécies vegetais autoctones levando-os à morte.

O ataque às àrvores aurorenses só está começando… No entanto, devido a deficuldade de combate, tal infestação poderá ser fatal, caso nada seja feito em regime de urgência. O fechamento das folhas das plantas atacadas, além de favorecer o habitat para os insetos parasitas, difuculta por seu turno, o uso adequado de agrotóxicos, posto que o parasita permanece protegido no interior das folhas novas. Some-se também a isso, a formação de insetros resistentes(com o tempo), além dos possíveis perigos que estes agentes químicos poderiam provocar à saúde da população, caso não seja tomadas as devidas precauções. A infestação por lacerdinha em Aurora já começa a se transformar numa infeliz realidade. Basta darmos uma olhada nas nossa arborização urbana.

Em alguns locais não está sendo mais possível a permanecência sob as àrvores, posto que o grande números de insetos que atacam as pessaos, principalmente se estiverem vestidndo roupa de cor amarelada, a preferida desta praga que em outros tempos infernizaram a vida de populações inteiras a exemplo da cidade do Crato e Mossoró quando centenários Benjamins foram sacrificados como única maneira de se acabar com tais insetos.

Outra situação desagradável é quando o insento cai dentro do olho das pessoas. A dor é lancinante. É preciso que se faça um rápido levantamento especializado e estudo científico como forma de se tentar pelos menos amenizar/combater o problema antes que seja demasiadamente tarde, isto é, antes que o problema se agrave e a praga possa se alastrar sem controle pelo resto do município. Todas as cidades deverão desde já começar a se preocupara com esta questão, sob pena de se ter que conviver com um problema ainda maior, caso nada venha ser feito. Tal problemática não envolve apenas a infestação de Lacerdidnha, mas de toda um desequeilíbrio a se abater sobre a rica biodiversidade nordestina e aurorense. Quem sabe, agora, possamos pelos menos tentar comeprender que a natureza é um organismo vivo e sempre consegue se vingar de as agressões que a impomos pela história a fora.

Acerca da bioinvasão:

A bioinvasão é apenas uma pequena fagulha diante do quadro que já começa a se desenhar no horizonte regional, como uma evidente resposta da própria natureza para conosco. A fúria da natureza é imperdoável. Tudo está claro, somente os insensatos da irracionalidade não conseguem perceber este alerta gritante. Ademais, estão entretidos demais como suas aspirações de ganhar dinheiro e embebidos pelos desejo de poder – que são a mais autêntica e grave degradação e desrespeito cometidos contra à biodiversidade planetária e aos recursos naturais – verdadeira expressão de Deus na Terra.

Matéria publicada inicialmente no jornal Chapada do Araripe/Crato em 24/09/2011
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(*) José Cícero – Professor de biologia e química.
Escritor, Pesquisador e Poeta.

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